terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Desvaneios Boêmios ~A Little Game~

Corremos sem nos esconder, solução ou ilusão?
Doce é as nossas tentativas em vão,
Amargo é o que sobra da nossa razão,
Mas viver sem tentar. Isso Não!

Medo eu tenho, mas do incerto eu vivo.
Com palavras procuro buscar um incentivo,
Apesar de estar n'um beco sem saída,
Ninguém sentirá falta da minha ida.

Absolutamente nada mente, resposta vencida,
No limbo do incerto procuro meu improviso.
Sem viajar, sem sair do lugar, nada a captar,
Estou apenas a procura do teu sorriso.

Em chamas esfria meu coração,
Não me derreto com aquela canção,
É frio. Mas inflama meus sentimentos...
O choque térmico me faz te querer ainda mais!


Ikeda e Fernando Neves; Conversas de MSN - em versos.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Presente de Natal

Abriu os olhos. Ele e ela; o homem e a morte.

Um horizonte límpido. Sol nascente e nuvens em degradê com o céu azul. Azul anil. E de repente as cores vão se mesclando, perdendo o sabor. A impressão de velocidade; o horizonte entra em zoom sem foco. Imagens ofuscantes e opacas. A mistura de uma cor sem-cor. Delírio. Estava sentado à janela do quarto 413 na espera de sua filha. Desvaneios e tresvarios; podia sentir um som silencioso em Mi menor: o canto melancólico da morte. A nota aguda de uma foice penetrando aquele coração tão cheio de vazio. Abriu os olhos. Ele e ela; o homem e a morte. O que será que faz um homem não perder a esperanças onde já não há mais esperanças? Da onde vem tanta energia de algo esgotado da mesma? Lá do limbo mais profundo do âmago humano onde estão as raízes do instinto animal, do ser acorrentado pelas rédeas da conciência. Ou talvez não. As vezes nos apegamos tanto as coisas terrestres estabelendo um vínculo tão forte que as existências entre os interligados se tornam uma só.
Sala de emergência e observação 413: a vítima sofrera várias paradas cardíacas consecutivas. Treze ferimentos de balas calibre 38 - três foram retiradas do coração. Mesmo não tendo dinheiro algum prometera à filha um presente de Natal: uma daquelas bonecas que passa na TV. Apesar dos pesares parece vivo, além do mais conseguiu sorrir para filha que aparecera em prantos.


Fernando Neves; Projetos Aleatórios.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O Todo vazio; o Vazio todo

Para que o todo seja inteiro,
Então há o vazio
Dentro do todo.

Naquele silêncio gritante
O Todo se queixa do vazio.
O Vazio.

Mas num grito silencioso
Sem o vazio nada seria do todo.
O Todo.

N'uma harmonia desincronizada
Andam o posto e o oposto.
E na verdade é todo um só; um todo, só.


Fernando Neves; Rascunho do Dia.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Ao silêncio do Si bemol

Nem mesmo em mol
É possível dar um valor
Mesmo estando ao silêncio do Si bemol
P'ra aquilo que sinto; Amor?

De uma inércia profana
A uma fúria marítima,
Meu ser se inflama!
Talvez não fosse eu a vítima.

Tempos em que o amor
Brinca de ator;
Transforma-se!

Tempos em que sinto dor,
Ajo com pudor.
Se o tempo voltasse...


Fernando Neves; Rascunho do Dia.

domingo, 21 de dezembro de 2008

O Mascarado e a Flor

Sim, o Amor.
Aquele mascarado
Que Brinca de Ator!

Ora sábio e paciente,
Parece até adormecido.
Será que ele mente?

Às vezes destruidor
E impetuoso.
E daí só vem a dor...

É, não vejo saída
Se não esquecer
Daquela Flor caída.

Flor que brotara
Do nada,
Mas ainda assim me matara.

Ah! Aqueles tempos
Em que sonhar
Não me causava tormentos!


Fernando Neves; Rascunho do Dia.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Aquela Criatura - Prólogo

Não chora, não sente fome, não dorme...

Definições horrendas, robustantemente horríveis ao ponto de serem medonhas; nojentas. Do pântano sombrio veio aquele ser pútrido, repugnante e indesejável. Meretriz foi aquela que não deu a luz, e sim a escuridão fazendo com que nascesse mais um morto-vivo, mais um fétido feto. Feto? Aquilo era um tumor malígno, cancerígeno que crescia as custas de ódio, raiva, rancor... e de amor. Amor por destruição e caos!
É, nasceu mais uma criança. Mãe ainda sob efeitos anestésicos da morfina derrama lágrimas. Lágrimas de alegria. O pai? Ali do lado. Também em prantos. Médicos? Uns dois. Enfermeiras, se não me perco em contas umas cinco. A alegria foi sustentada com o som de um tapa seguido de um choro agudo e incessante. A criança estava viva. Mais águas derramadas. Encher-se-iam rios só das lágrimas daqueles pobres seres que se alimentavam de uma felicidade momentânea. Ilusão? Somente um eufemismo e uma pitada colorida de ilusão sobre o fato da criança ter nascida com ajuda de duas parteiras e uns cinco vizinhos presenciando a cena. Ah! E as lágrimas eram apenas consequências de dores físicas.
Dariam do bom e do melhor aquela criatura que nasceu. Evitariam a creche, seria viagiada 24 horas por dia. Somos Pais corujas - subjugavam-se. Escola seria a próxima etapa. Aos cinco, sete anos já estaria numa escola. Das melhores, ressalva o pai. Depois da escola com certeza entraria numa faculdade, uma boa faculdade. Faria sua vida, caminharia com seus próprios pés apartir dali. Ilusão? Sim, agora sim é uma ilusão. Nascida no onírico humano e morta ali mesmo.
Na casa haviam seis crianças. Pai ausente, só chegava de madrugada e bêbado. A Mãe tentava cuidar dos pequenos até a hora do almoço. Tabalhava de tarde, cuidava mais da casa dos outros ao invés da própria. Era uma singela empregada de casa, de casa dos outros. O mais velho tomava conta dos outros cinco. Dizia tomar conta - entre aspas. Gostava de fumar como o pai: uma, duas, três tragadas e acabava. Acabava com um cigarro para começar outro. Assim outro. E mais outro. Outro ali? E aquele que... perdi a conta. Mas ele fumava: maconha, craque, cola, tíner... seja lá o que for, acima de tudo: fumava!
Não tiveram aquela educação tão sonhada. Mas iam a escola que ficava a dez ou onze quadradas do barraco. É, moravam num barraco. Simples mas firme e forte. De todas as enchentes, ventos fortes e desabamentos era a única casa que ficou em pé até hoje. O pai teve dinheiro para pelo menos fazer algumas colunas e um quarto com tijolo e cimento.
O quê? Porque não levei a alma desses seres? Dó? Você diz que tem dó. Alguns dizem: "É a vida, né?". Alguns mais místicos já falariam: "É o destino...". Todavia, mesmo tento controle da morte, não posso simplesmente tirar a vida. Eu ofereço a morte, não tiro a vida. Além do mais, se tirasse a vida dos "coitados", teria que tirar de mais alguns outros milhões...
Porém, algo naquela casa me intriga. Faz com que perca meu tempo estudando, analisando e vendo coisas tão inesperadas. Refiro-me aquele ser mais novo. O último a nascer. Ele é diferente. Não se relaciona com os outros da casa. Nega qualquer tipo de ajuda. Não chora, não sente fome, não dorme... um ser anormal. Talvez ele se alimenta das surras que leva do pai bêbado, das brigas dentro daquela casa, do som das balas perdidas... é, não tenho mais dúvidas. Ele é um devorador de sentimentos. Seja qual for o sentimento ele devora. Como? Ele tem cinco sentidos para ver, cheirar e sentir. Fora a sua própria conciência que gera sentimentos diversos e controversos. Sim, sem mais dúvidas: um Devorador de Sentimentos é aquela criatura.


Fernando Neves; Projeto Aleatório: Aquela Criatura.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Le Parkour

"Be free to Jump. Explore your capacities and Break your limits."

By: FreeStyle Jumpers™ ~ Le Parkour Team; Our Theory.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Palavras de um Poeta

Estendido, meus olhos pesavam. A escuridão tomava o horizonte cada vez mais pequeno, pequeno; pequeno... pequeno. O corpo estava leve, não se sentia mais nada. Não se ouvia mais a respiração. Espaço e tempo já não se tinha mais noção. Enfim, estava deitado. Apenas a imagem plena da escuridão. De repente uma cena! Colorida. Ofuscante. Imagens rápidas. Rostos de pessoas conhecidas. Objetos. Mais pessoas. Um outro lugar. Agora, outro. Você?! O quê? Você está no meu sonho?! Mas que estranho. O que faz aqui?! Que tédio! Estou ficando nervoso, por que você não fala?! Por que não me responde?! Seus olhos movem de lá para cá. Está lendo alguma coisa?! Que horrível... meu corpo! Sou letras, palavras, expressões! Ah! Não, não quiz dizer isso! Não sou dono dessas palavras! Estou louco meu Deus?! Tum-tum: Suspiros ofegantes. Tum-tum: Respiração acelerada. É, acho que foi mais um pesadelo. Sempre tenho a impressão que eu sou as palavras que eu digo. Ou as palavras que eu digo são realmente eu?
Pensamentos. Folhas em branco tornando-se histórias. Máscaras e mais Máscaras. A arte de fingir. Poeta: aquele que cria personagens, cria mundos; cria emoções. Mas será mesmo que todo poeta é imparcial?! E seus desejos, sentimentos, instintos... será que são sempre fingimentos? Alguma verdade... alguma. Pelo menos a verdade de um ser instável, dinâmico; em transformação. Ser que transforma os sentimentos em letras; letras que significam emoções. Deuses no mundo preto e branco; na tinta e no papel.


Fernando Neves; Rascunho do Dia.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Escrever ou não escrever

Aquela vontade de escrever
transborda meu ser!
Todavia, há falta de inspiração.
Continuo escrevendo ou não?

Escrever ou não escrever
"Eis a Questão!"

Há quem diga: “Para fazer uma obra de arte
não basta ter talento,
não basta ter força,
é preciso também viver um grande amor.”

Segundo ele esse meu escrever ou não escrever
Tem uma explicação:

Um dia ela foi dona do meu coração.
E agora o que faço é tentar esquecer.
Paradoxo são esses problemas do ser,
Ainda mais aqueles movidos por emoção.


Fernando Neves; Rascunho do Dia (Créditos: Poema inspirado na fala de Wolfgang Amadeus Mozart em: “Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor.” e na expressão de William Shakespeare: "Ser ou não ser, eis a questão.")


E o final?

Era uma vez um Sujeito, sujeito de uma oração. Estava ali, mas sua frase não fazia sentido algum se o final não fosse feito. Procurou a ajuda da Reticências... mas, sabe como é... muito vago...
Procurou então ajuda ao ponto final. Mas ele é seco. Já quer terminar tudo de um modo muito rápido. Frio. Assim, imparcial.
Foi, então, pedir ajuda ao Ponto de Interrogação: "Logo eu que não tenho certeza de nada?"
Não fazia idéia de quem pedir ajuda.
HEY! Como não pude lembrar dele?! Sim! A exclamação pode terminar a frase e por um sentido à tudo isso! E assim foi, o Sujeito convenceu o Predicado que a Exclamação poderia ser um bom final! Pois bem, agora o Sujeito diz em voz alta e energético: Eu te amo!


Fernando Neves; Projeto Aleatório.

domingo, 21 de setembro de 2008

Paradoxal

Algo estrondoso, raivoso;
Ruídos de rancor e muita dor...
Revividos por um teimoso:
o Amor.

Amor que rima com dor;
Amar que rima com mar.
Mesmo tendo essa imensidão
Corroer-se ainda pode por paixão.

Porém, é um sentimento
Que quando suave e sensível
Silencia qualquer sofrimento...
Por mais que inteligível.


Fernando Neves; Rascunho do Dia.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

The art of Life...

A vida, a arte da vida. Pode-se dizer que é como uma peça de Teatro: as cortinas se abrem, começa o espetáculo; espectadores e artistas unem-se n'uma só alma. Fazem do palco o microcosmo da vida; cenas tristes, alegres, chocantes, surpresas... acima de tudo: cenas com Improvisos. Sem mais nem menos nos deparamos com cenas peculiares, diferentes... totalmente non-sense e ae surgem os improvisos. É lindo e feio; bom e ruim. Mas uma hora a cortina se fecha e seria bom escutar: "Foi muito boa essa peça", ou "Dei o melhor de mim nessa peça!"

VIVA A ARTE DA VIDA!


Fernando Neves; Rascunho do dia. (Título inspirado na música The art of Life, X Japan)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

"Acorde!"

Acorde!
Não tenha dó da minha essência de querer.
Jamais una a maré diante da minha presença,
Como a minúcia que me guia nessa larga escalada.
Fáça do brio, algo distante do seu sustento.
O pôr do sol nunca mais será o mesmo sem você,
E lá está o desafino da minha discrepância.
A última nota dessa melancólica harmonia,
Viaja com o mesmo complemento indicando o centro.

by: Ikeda (Ike's Memories)


Véi'! Que lindo isso...

"Amizade em Termos"

"Em termos de...
Música, eu diria que amizade vai além de uma oitava."

by:
Ikeda (Texto completo)


Depois de ter lido isso não pude deixar de fazer uma postagem aqui!!!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Parábola Taoísta - O Mestre Arqueiro

"Conta-se que um grande arqueiro treinou seu discípulo até a perfeição nessa arte e então lhe disse: "Agora se esqueça de tudo o que sabe sobre isso." Durante vinte anos o discípulo ia ao mestre mas esse nada dizia; então o discípulo precisou esperar pacientimente. Aos poucos ele se esqueceu de tudo o que sabia sobre arcos e flechas... Vinte anos é muito tempo, e ele já estava ficando velho.
Então, um dia, ele veio e, ao entrar na sala do mestre, viu um arco, mas não reconheceu o que era aquilo. O mestre foi até ele, abraçou-o e disse: "Agora você se tornou um arqueiro perfeito; você se esqueceu até mesmo do arco. Agora vá lá fora e olhe os pássaros voando e, apenas com a idéia de que eles deveriam cair, eles cairão."
O arqueiro foi para fora e não pode acreditar; ele olhou uns doze pássaros voando, e eles caíram imediatamente no chão. O mestre disse: "Agora não há mais nada a ser feito. Eu estava apenas lhe mostrando que, quando a pessoa se esquece da técnica, só então ela se torna perfeita. Agora o arco e a flecha não são mais necessários; eles são necessários apenas para os amadores".

Retirado do livro: "TAO - Sua história e seus ensinamentos; Osho"


quarta-feira, 23 de julho de 2008

Abre o olho, Kiko!!!

Em vão a noite, procurei lembrar-me de algumas idéias passadas por filmes, músicas, textos e vários outros meios. É interessante a gama quase infinita de informações que circulam a nossa volta, que invade nossas vidas, que alteram nossos pensamentos e ações; da quantidade de conceitos, regras, filosofias, funções, ditados, expressões... que em algum momento faz a pessoa indagar-se: qual delas é verdade? Qual é a definição de verdade?! Se há realmente algo verdadeiro, então existe algo não verdadeiro?!?! Ilusões?!?!?! Em meio de tanto caos informativo as pessoas são facilmente manipuladas, enganadas, corrompidas; destruídas. Tornam-se indivíduos sem esperanças e desacreditados; pessimistas... Niilistas!!!
Mas não é por isso que devemos nos tornarmos céticos eloquentes, pessoas que só creêm com bases empíricas e na comprovação científica; ou até mesmo tornarmos em religiosos fanáticos. Apesar de sermos criados em bases conceituais do senso comum, construídos por bases patriarcais, matriarcais e/ou religiosas, formados por instituições de ensino... devemos criar nossos próprios princípios e enraizá-los de tal forma que não seja tão fácil sermos manipulados. Não digo ao ponto de sermos inflexíveis e tiranos, porém ao ponto de pelo menos estarmos com os olhos abertos!
E novamente, tenho a intuição de alguém pensando: "e o Kiko?!" É, realmente a ignorância pode trazer alguma paz interior e uma felicidade duvidosa, mas o conformismo ignorante corroe... e pra caralho!!!


Fernando Neves

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Sem título

Como sempre,
Hoje foi como ontem:
Estático, monótono... triste!
Geralmente,
Assim tenho os dias. Mas, sabe...

Cansei de estar cansado.
Agora, não quero mais saber!
Nem me venha com aqueles, aqueles...
Sermões. É, aqueles blá-blá-blás!
E sim, eu tô com uma puta falta, falta de...
Inspiração! É, acho que é...


Fernando Neves

(Além do Desvaneio: Versos Poéticos)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Mesmice

As vezes nem damos conta do tempo,
Presos nessa mesmice inerte; conformista!
Até os verbos tem idéia de estaticidade.
Ficamos, somos... estamos(Presos!).
E os verbos com sentido de ação?!
Sempre a mesma coisa!
Sem movimento, sem transformação, sem emoção...
Acorda, levanta, sai, volta e dorme.
Acorda, levanta, sai, volta e dorme.
Acorda, levanta, sai, volta e dorme.


Fernando Neves

terça-feira, 13 de maio de 2008

E o Kiko?

Acorda, levanta, escova os dentes, joga água no rosto e talvez toma um café da manhã. Depois trabalha, estuda ou simplesmente não faz nada. Desce a noite e... AH, CHEGA! Não quero repetir tudo isso em novas linhas e parágrafos tão cansativos e monótonos quanto nosso próprio cotidiano.

Sendo irônico e precipitado, as vezes penso que os melhores dias são aqueles em que as coisas começam a dar tudo errado. Fico até um tanto mais pensativo, quando sinto a necessidade de refletir no que aconteceu, o que talvez poderia ter acontecido... chegando até cogitar situações ridículas e engraçadas. E então concluo: esses dias são os mais diferentes, originais e provocam muita reflexão intrapessoal, pois os improvisos e situações embaraçosas confrontam-se!

Interessante é essa nossa capacidade de hipotetizar situações, planejar outras... sonhar. Atribuímos então em meio de todos esses possíveis planos uma meta, um objetivo. E generalizando tudo isso temos o denominado Destino. Chegamos até atribuir relações místicas a esse meio e postular em doutrinas a Predestinação. Pergunto-me se o sentido de tudo isso está realmente atrelado por um destino predeterminado para cada ser. Se estamos sobre influência de deuses, forças superiores e mentes universais. Ou até se existe um equilíbrio natural do mundo. A influência de doutrinas teísta e ateístas nos coloca em um meio extremamente caótico cheio de controvérsias e ceticismo.

O que me corroe com Ira e Angústia é indagar o sentido de tudo isso, sentido da vida, sentido de estarmos aqui criando idéias, conceitos, regras; e ao fim não chegar a uma conclusão completa e verdadeiramente compatível as necessidades do meu ser. Passamos, então, décadas e mais décadas criando filosofias, buscando idéias e inspirações nos pensamentos de antepassados, idealizando estilos de vida... sendo que tamanha diversidade não é o bastante para satisfazer meu ser de apenas uma pergunta: "Qual é o sentido de tudo isso?".

E depois de todo esse projeto de fluxo de consciência alguém pode se perguntar: "E o Kiko?". Bom, voltemos a Caverna que lá as sombras nos preza de alguma ignorância feliz.


Fernando Neves

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Água salgada, Estaca fincada

Lágrimas nos olhos meus?
Água salgada.
E essa dor no peito, Deus?
Estaca fincada.

Não Fosse assim o fim
Daqueles dias que sonhava
Mesmo não sendo... enfim,
Eu Amava.

Ainda amas ou Não?
Tens na Mente
Ou no Coração?
No Coração, infelizmente.


Fernando Neves

(Além do Desvaneio: Versos Poéticos)

domingo, 6 de abril de 2008

Dama d'água

Sentado à beira do rio
A Dama d'água vejo
E num reflexo rio:
- Oh, quanto gracejo!

Nas margens ela dança,
Nos cantos me encanta;
Num tom suave ela avança,
Num ar sublime me levanta.

Bálsamo das florestas;
Lúcido Delírio...
Perco-me em suas curvas arestas:
- Não! Não vá, meu Lírio!

Cantos melancólicos,
Lágrimas; a dança do Adeus.
Que não fosse assim, Deus!
Tristes sonhos bucólicos...

Fernando Neves; Racunho do Dia.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Abstração Concreta

Nas folhas brancas
Sublimam os Poetas
Imaginam, mergulham, somem...
Perdem-se nas idéias.

Acordam, imergem, voltam...
E com profundas palavras
Encontram-se: Escrevem!
Os sonhos se tornam versos.

O valor dessas frases se dá
Início ao surreal, assim...
sonhando, usamos a imaginação
Sem ao menos nos expressar.

Quando imaginamos podemos
Nos despertar através deles
Alcançando qualquer sonho,
Por mais impossível que pareça...


Sociedade dos Poetas

(Além do Desvaneio: Versos Poéticos)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Eu sou o narrador

Então crio uma personagem: João, 15 anos, tipo físico magro com 1,80 de altura. Nada muito extraordinário em seu rosto, olhos rapidamente frios e calculistas, cabelos cacheados e nariz pontudo. Mais alguma coisa? Bom, temos uma criatura com requisitos predeterminados, agora basta criar uma história, desenvolver um conflito, enriquecer o clímax com acontecimentos inesperados e, então, terminar a narração de maneira peculiar tendo João como nosso grande herói! Ah, que maçada. Quero uma história diferente, comecemos logo a brincar de narrador onisciente!
Há coisa mais legal que saber o pensamento das personagens? Prever suas ações, sentimentos e emoções? Sim, eu posso. Sou o narrador onisciente, o onipresente e o onipotente; aquele que começa e termina a história! Pois bem, João está nesse exato momento fazendo uma prova. Que surpresa, é um exame de língua portuguesa. Ele está acabando, falta uma questão objetiva; vou ajudá-lo. A resposta certa é a alternativa “d”, João. Não, não é a “c”! João, é a “d”. Rapaz, você irá errar, eu sou o narrador, você deve me obedecer! Que decepção, João assinalou a outra alternativa. Como pode meu personagem desrespeitar as minhas ordens?
Alegre e saltitante, João sai da sala de prova. Parece que ele está com fome; vou ajudá-lo. Crio agora mais dois personagens que serão amigos do João. Marcelo, um garoto de 16 anos, estatura média, considerado muito inteligente na turma, uma personagem amigável e muito íntima de João. Ah, só tem homens nessa história! Crio, então, Maria: menina bonita de cabelos negros bem lisos e longos, corpo escultural sendo um pouco mais baixa que os garotos.
Agora sim! Temos um grupinho de amigos. Já os descrevi e não posso esquecer-me que João está com fome. Pois bem, Maria convida os dois meninos para almoçar na lanchonete próxima à escola, porém João recusou. O quê? João recusou? Mas como pode ter isso acontecido? Eu tenho certeza que ele estava com fome! Marcelo então convida o grupo para ir ao shopping. Mas eu permiti isso? OK. Vamos ver o que irá acontecer...
Eles estão indo para a ala do cinema, irão ver algum filme; vou intervir novamente. Há apenas dois filmes em cartaz: “A volta dos que não foram” e “As tranças do Rei careca”. Hoje o dia foi exclusivo para comédia! Quero que assistam ao segundo filme. Marcelo o sugeriu para o grupo, entretanto, João acha que o primeiro filme é mais engraçado. Maria também concorda. Como? O que está acontecendo? Não sou eu o narrador onisciente dessa história? Ah, cansei: oferecia lhes as oportunidades, mas no final fizeram o que mais queriam. Vejo que sou apenas um narrador observador.

Fernando Neves

sábado, 8 de março de 2008

Esqueça, ufano!

Esqueça, ufano! Tiveras ela antes, mas oniricamente.
Uivos histéricos não adiantam, não adiantam...

Tens n'alma o ideal.
E na vida, ela é real?

Agora descansa, ufano.
Mas não tenhas em mente
O sabor platônico do amor.

Fernando Neves

Janela D'alma

Perdido em pensamento
Nos olhos seus encontro-me fitando,
Perco a noção de movimento
E fico assim, levitando...

Ainda, como mar aberto neles mergulho
E sem querer meu orgulho
Domina minha mente.
E fico assim, descontente...

Mas como ondas ocilantes
Vejo, queimando de ternura,
Seus olhos palpitantes.
Oh! Quanta Aventura!

Nessa janela d'alma
Brilha uma chama
Que ainda de amor me inflama!

Fernando Neves