sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Tempestade

Não avisa,
Surpreende.
Como aquela brisa
De tão fria é ardente!
N'uma correnteza de sentimentos
Você é a única que fica em minha mente.
Fica pois a saudade não tem controle nos pensamentos:
Aqueles teus abraços, teus beijos; teu cheiro! Estou louco e não eloquente!
É como estar perdido n'um mar furioso: A saudade bate e desnorteia o barco da memória...
A ventania corta e água fria queima a face dos amantes do mar; quanta glória!
E quanto passado. Lembrando de você a tempestade sem fim passa.
Pois os momentos bons e ruins já foram e agora é graça!
Mas as imagens daquela moça é o que permanece.
E não me importo se lembranças são!
Um aventureiro que se preze,
Tem um amor no coração!


Fernando Neves; Rascunho do dia.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Você que sabe"

"Se te perguntar sobre arte, me dirá tudo escrito sobre o tema. Michelangelo... sabe muito sobre ele: Sua obra, aspirações políticas, ele e o papa, tendências sexuais, tudo. Mas não pode falar do cheiro da Capela Sistina. Nunca esteve lá, nem olhou aquele teto lindo. Nunca o viu. Se perguntar sobre mulheres, me dará uma lista das favoritas. Já deve ter transado algumas vezes, mas não sabe o que é acordar ao lado de uma mulher e se sentir realmente feliz. É um garoto sofrido. Se perguntar sobre a guerra, vai me citar Shakespeare: "Outra vez ao mar, amigos... ", mas não conhece a guerra. Nunca teve a cabeça de seu melhor amigo no colo e viu seu último suspiro, pedindo ajuda. Se perguntar sobre o amor, citará um soneto, mas nunca olhou uma mulher e se sentiu vulnerável. Alguém que o entendesse com um olhar. Como se Deus tivesse posto um anjo na Terra só pra você; para salvá-lo do inferno. E sem saber como ser o anjo dela, como amá-la e apoiá-la pra sempre, em tudo... no câncer. Não sabe o que é dormir sentado num hospital por dois meses porque só o horário de visitas não é suficiente. Não sabe nada de perda. Porque ela só ocorre quando ama algo mais que a si próprio. Duvido que já tenha amado alguém assim. Olho pra você, e não vejo um homem inteligente e confiante. Só um garoto convencido e assustado. Mas você é um gênio, é inegável. Ninguém entenderia sua complexidade. Mas acha que me conhece por um quadro e disseca minha vida. Você é órfão, não é? Acha que sei de como sofreu, como se sente, quem você é... porque li "Oliver Twist"? Você se resume a isso? Pessoalmente, estou cagando pra isso, porque tudo que me diz eu poderia ler em livros. A menos que me conte sobre você, quem você é. Isso me fascinaria. Isso, sim! Mas não quer fazer isso, não é? Morre de medo do que poderia dizer. Você que sabe."
  • Fala da personagem Sean Maguire atuada por Robin Williams no filme "Um Gênio Indomável" (Good Will Hunting - 1997; Gus Van Sant).

Sem dúvidas é um dos filmes qu'eu mais aprecio e tenho como base para muitos pensamentos, pois de uma maneira cinematográfica exemplica um pouco do significado da frase "as coisas não são, significam". Tenho como especial essa parte interpretada por Williams na voz do personagem Sean, porque ele mostra a importância da experiência prática na nossa vida, na nossa personalidade; na noção de mundo que temos quando tratamos com o universo inteligível das idéias e o universo sensível da matéria. Desse ponto podemos vincular a idéia que as coisas não são delimitadas, mas sim ilimitadas de significados. É claro que para um mundo corrido, conceitual, capitalista e científico o homem passou a rotular certos objetos e sentimetos tornano-os universais e genéricos a fim de buscar uma razão e coesão com certas linhas teóricas e filosóficas. Todavia, é interessante analisar a vida nesse ponto de vista, uma vez que o ser humano dotado de razão, sentimentos e conciência sempre busca o significado daquilo que deseja - seja material ou não. E fica a critério de cada um quantificar e qualificar: "As coisas não são, significam... e é você que sabe."


Fernando Neves; Rascunho do Dia.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sujeito Oculto

"assim como aquela nota intensa e estranha no meio da melodia, senti a fria realidade"

A relação não era a mesma depois que eu saí daquele hospital: Não me olhava mais nos olhos como antes. Ouvia poucas vezes meu nome. Não conseguia mais dormir, comer e tão pouco sentia a necessidade de respirar. Todavia ainda a vigiava em seus sonhos todas as noites, a espiava na cozinha enquanto preparava algo ou quando regava o nosso jardim; alimentava meus sentimentos de um ser protetor. Apesar de tudo nunca vou me esquecer daquela noite em que ela tocava uma sonata triste no piano desafinado. Meus sentimentos flutuavam entre a terra e o céu; a razão e a emoção. E mesmo ao som melancólico e destoante daquelas notas a sua presença mística tocava minha alma no mais profundo âmago do homem... Amor? Nada mais fazia sentido ao passo que aquilo significava tudo. Não havia mais aquela necessidade física ou carnal. Naquele momento tudo era inteligível e magnífico; harmônico. Flash! Num instante sublime, assim como aquela nota intensa e estranha no meio da melodia, senti a fria realidade. Fiquei com vontade de abraçá-la num ato eterno. Momento em que você pensaria: "Que seja para Sempre." Ouvi de um sábio para nunca dizer nunca, porém nunca vi o sempre ser para sempre. Contive-me. Assim como para todo começo há um fim; a música acabou. Procurava ansioso pelo seu olhar enquanto a elogiava pela apresentação. Ignorado. Desde então foram assim as noites em que ela tocava naquele piano desafinado e eu ali a escutar.
"A felicidade é um breve momento entre duas tristezas." Essa frase passou ser constante naqueles tempos da minha vida. Vida? Pensando bem talvez a única coisa que me prendia ali dizendo ser aquilo uma vida era a existência daquele ser único. Único por - naquele dito "breve momento" - ser capaz de preencher minha alma com esperanças. Ter esperanças significa estar vivo? Talvez o fato de ter dúvidas ao menos me fazia existir. Ah! Essas dúvidas cruéis que crucificam qualquer homem. Fazem com que tornemos guerreiros incansáveis para, a qualquer custo, encontrar a tão inconstante verdade. Naquele dia eu a segui. Tive coragem para fazer esse ato desnecessário. E Eu já sabia, mas não importava o quanto soubesse. Precisava que a verdade ficasse cara a cara comigo. Era meu orgulho machista dominando-me novamente.
Como todas as manhãs depois da cena do piano eu já estava acordado espreitando pelo seu olhar, mas era como se não estivesse ali. Levantou lentamente, passou a mão por aquela face cansada e bela. Foi até ao banheiro, lavou o rosto e escovou os dentes. Penteou o cabelo algumas vezes. Só então desceu para cozinha. Eu costumava descer depois e ser recebido com um café da manhã na mesa e um beijo. Porém, dessa vez ela desceu diretamente para porta principal e olhou na minha direção. Sem precisar dizer nada eu senti naquele olhar uma espécie de adeus. Fiquei paralisado! Quando retomei ao estado normal era óbvio que não sairia por aquela porta. Corri até uma janela aberta da sala e já estava fora de casa. Estranho: ela não saiu com o carro. Então me lembrei daquela velha padaria próximo a nossa casa. Como uma sintonia entre os nossos pensamentos realmente estávamos a caminho da padaria. Não era um espião profissional, entretanto não estava sentindo muita dificuldade. Por mais que meus passos fossem pesados ela nem percebia. Ou estava muito distraída...
Em rápidos cinco minutos já estávamos de frente com a padaria. Escondi-me atrás de uma das árvores grandes da praça ao lado. Meu coração por algum motivo batia mais forte do que nunca. Talvez fosse pelo fato de ser a primeira vez fazendo aquele ato tão pútrido. No entanto esse sentimento de ansiedade era seguido com um friozinho de medo e tristeza porque eu já sabia. E não foi por menos: Um homem se aproximou de sua mesa. Beijou seus lábios - ele beijou os lábios dela?! - e segurou suas mãos. Aquela cena toda já era prevista, mas meu ser recontorcia-se, esperneava-se; estado de fúria entristecida! A garçonete trouxe duas xícaras de café ou chá – isso não importava - mas, minha amada não tocou uma só vez nelas. Num súbito movimento levantaram e saíram da padaria. Para onde estavam indo? Não sabia até depararmos com aquele grande portão de ferro-negro; o cemitério.
Meus pensamentos entraram em colisões múltiplas e inconstantes. Não conseguia imaginar o porquê de tudo aquilo. Mesmo prevendo a cena anterior ainda estava chocado. E agora estávamos no cemitério. O que fazia sentido? Não sabia dizer. Foi então que vi ela sozinha. Estava em frente a um túmulo qualquer. Seria algum familiar? Ou algum amigo? Nunca a vi por ali. Aliás, nunca a vi fazendo aquilo. Então ela ajoelhou ao lado do túmulo e colocou uma carta sobre a lápide. Uma carta? Aquele mistério todo se transformou em desespero quando vi algumas lágrimas escorrendo no seu rosto; seus lábios arriscaram algumas palavras. Passaram alguns minutos e ela desapareceu naquelas planícies cinzentas e sem vida. Foi aí que toda aquela coragem e dúvida sobre o que acontecia foi se transformando, assim como as nuvens mudam de forma antes de uma tempestade. Estava com medo. Comecei aproximar daquele túmulo com uma sensação de que já o conhecia. A sensação de estar preso e fechado aumentava a cada passo. E um vento frio com cheiro de chuva fez com que a carta caísse aberta sobre meus pés. Não tive forças para segurar aquele pedaço de papel rascunhado. Ajoelhei-me. Quando comecei a ler, minhas mãos trêmulas já denunciavam o choque. Não conseguia mais continuar. Apenas algumas frases da carta se repetiam de maneira desordenada na minha mente: "não consegui te dizer a verdade enquanto você estava no hospital..."; "me desculpe se não te amei como você me amava...", "me perdoe..." Um trovão! De repente senti uma fraqueza incalculável. Sobre o túmulo e de frente com a lápide uma lágrima caiu sobre a carta molhando-a. Recusava-me em aceitar o que lia com a mão ainda trêmula na boca. Estava escrito logo abaixo do epitáfio: Meu próprio nome.


Fernando Neves; Projetos Aleatórios.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Inveja

"Seja como for, quando pensamos em um deus, sendo nós mortais e vulneravelmente destrutíveis, invejamos seu dote natural que o presenteia com a dadiva da onipotência. O humano inveja o deus em sua capacidade de transformação do real naquilo que deseja. O mortal é fascinado com a faculdade do deus de assistir aquilo que imaginava se concretizar para seu deleite. Mas, pensando unicamente por esse vértice, deixamos de conhecer a experiência de um desafortunado que habita cada deus. O deus, de forma inversa ao mortal, inveja exatamente a possibilidade de viver cada dia como se fosse o último. Uma experiência negada a ele, um dom ausente em sua existência."

Renato Dias Martino; Pensamentos.

domingo, 2 de agosto de 2009

Silêncio

"Se meu silêncio não lhe diz nada, minhas palavras são inúteis."


Jéssica Maciel; Frases.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Monólogo

A Pior das Esperanças
Que corroem-me em Lembranças
Fora sempre alimentada,
Mesmo valendo nada!

Mesmo valendo nada?
Inestimável é o valor
Que passara com sua amada.
Hoje é dor, mas ontém foi amor.

Do que me vale o passado
Se vivo o presente?!

O passado é um significado
Do que hoje se sente.

Sentir? Há um grande vazio.
Isso sim eu sinto!

Um ser de fúria grita no teu seio,
Pois esse grande vazio é tão cheio!
Cheio de saudade e amor. Que bonito!
Sentimentos que voam ao infinito...


Fernando Neves; Rascunho do Dia.

Felicidade

"Felicidade é a realização imediata de um impulso instintivo, nada a supera, mas nunca dura."


Freud; Frases.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Confissões de um Qualquer

"Aos meus olhos a morte já não é mais um tormento"

Pode-se dizer que não há mais vida naquele corpo gélido; que já não corre mais o próprio sangue naquelas velhas veias. Um saco de carne e osso sem alma. Só assim para se tornar um imortal. Ao passar das décadas, sempre vejo os humanos se queixarem da morte, da falta de vida nas suas próprias vidas. Egoísmo.
Acompanhei vários mortais e percebi o quanto é efêmero o tempo de vida deles, mesmo sabendo que a concepção de tempo é relativa. Todavia, décadas de existência são o bastante para se ter noção que o tempo não é mais um limite cronológico. Aos meus olhos a morte já não é mais um tormento. A vida, se é que pode chamar isto de vida, essa sim é um tormento. Ver as pessoas degradando-se com o simples toque do vento, com a simples inspiração do oxigênio. Uma lágrima. Ver quem você ama deixando esse mundo.
O amor. Um sentimento tão nobre. Complexo para alguns, simples para outros... Um sentimento, uma força que nasce no limbo racional mas que povoa o irracional; o incompreensível. Rodiada de conceitos e significados ainda permanece sobre nós. Entro em conflito com meu próprio ser a cada gota de sangue que corre nos meus lábios. As madrugadas nunca foram tão frias ao pensar: "Será que essa vida sugada era amada por alguém?". Amor, piedade, respeito à vida...
A concepção de vida ganha significado e valor maior quando analisada de maneira a ter em mente que dentre improbabilidades e ocasionalidades, colisões atômicas e moleculares, teoria do caos, ressônancia eletromagnética, seleção natural... Uma gama de fatores a deriva do acaso que se finaliza naquilo chamado vida. O nascer de um bebê pode ser tão comum no nosso cotidiano. Mas aos meus olhos é um milagre. Um milagre que numa noite qualquer eu tiro com apenas uma mordida. Será que não é eu o Egoísta?
Essas reflexões ainda alegram-me ao iludir com a idéia de um sopro humano ainda existente nesse ser. Porém, minha raiva, meu ódio, minha fúria tornam-se maiores quando vejo aquelas criaturas matarem-se por dinheiro, ganância, poder... Guerras. Meu respeito à vida acaba por aqui. Saboreio cada gota de sangue desses monstros como se fossem as últimas tomadas nessa minha passagem pela Terra. Infelizmente, só assim me sinto livre em ser o que sou.


Fernando Neves; Projetos Aleatórios.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Um Milagre

Mulher: Não pode dizer logo como a conversa acaba e nos poupa do trabalho.
Homem Azul: Termina com você em lágrimas.
Mulher: Em lágrimas? Então você não vai voltar pra Terra?
Homem Azul: Em algum momento, sim.
- Um pausa breve.
Homem Azul: As ruas estão cheias de morte.
Mulher: Por favor, você tem que impedir isso! Todo mundo vai morrer!
Homem Azul: E o universo não vai sequer perceber.
- Uma pausa breve.
Homem Azul: Em minha opinão a existência da vida é um fenômeno muito super estimado.
Olhe ao seu redor (Eles estão sobre o solo de Marte).
Marte vai muito bem sem ter sequer um microorganismo. Aqui há um mapa topográfico
em constante mudança.
Fluindo e se deslocando ao redor do pólo em ondulações de dez mil anos.
Diga-me se isso seria melhorado com a construção de um oeloduto? De um shopping center?
- Uma pausa breve.
Mulher: Então é querer demais? Pedir um milagre?
Homem Azul: Milagres, por definição, não existem...
- Quebra de fala.
Mulher: Meu Deus!
Homem Azul: Só o que pode acontecer acontece...
- Quebra de fala.
Mulher: Pare com essa baboseira!
- Pausa.
Mulher: Pode me mandar de volta à Terra para fritar com Dan, minha mãe e todos os outros
humanos imprestáveis. Mas saiba que você estava errado.
Você disse que isso ia acabar comigo em lágrimas e olhe! Nada!
Talvez você esteja errado sobre tudo.
Homem Azul: Você relcama que me nego a ver a vida em seus próprios termos.
Mas você se recusa a ver as coisas sob minha perspectiva.
Você Ignora o que teme.
Mulher: Não tenho medo.
Quer que eu vejas as coisas do seu jeito?
Vá em frente! Mostre-me!
Faça aquilo que você faz.
[Spoiler/Início]
- Ele toca na cabeça da mulher e ela começa a rever em flashbacks o passado dela na maneira
como o Homem Azul via os acontecimentos. E ela descobre coisas que só assistindo o filme
para entender. Mulher em lágrimas fica fora de controle e destrói a máquina flutuante do Homem Azul com alguns golpes na base. E o Homem Azul a salva dos destroços com uma barreira eletromagnética.
[Spoiler/Fim]
Mulher (em lágrimas): Minha vida é uma grade piada...
Homem Azul: Não acho que seja.
Mulher: Desculpe se não confio no seu senso de humor.
- O Homem Azul estica o braço a fim de ajudá-la (a mulher está de joelhos no chão).
[Parte Mística/Começo]
Homem Azul: Você vai sorrir se eu admitir que estava errado?
Mulher: Sobre o que?
Homem Azul: Milagres.
Eventos com improbabilidades tão astronômicas que são como oxigênio se trasformar em ouro.
Eu desejava ver um desses eventos. E, contudo, ignorei que, na procriação humana milhões de células competem para criar vida por geração após geração... Até que, finalmente sua mãe ama um homem, [Spoiler/Content Suppressed], um homem que ela tem todos os motivos para odiar!
E dessa contradissão a improbabilidades incalculáveis... Foi você. Somente você... Que emergiu.
Destilar uma forma tão específica de todo aquele caos é como transformar ar em ouro: Um Milagre. E portanto eu estava errado.
Agora, enxugue seus olhos.
Vamos para casa.
[Parte Mística/Fim]


Filme Watchmen; Diálogo existencial.

domingo, 15 de março de 2009

Qual dor é maior?

Qual dor é maior, digo;
A dor da perda de algo nunca tido,
Ou daquele consquistado
Mas sendo agora parte do passado?

N'um crepúsculo de verdade
Encontro uma certa integridade.
Mesmo sendo algo que invento
Disso agora me alimento.

Da Teoria da Relatividade
À Ignorância Perfeita!
Mesmo qu'eu não queira
Estou preso nessa realidade.

Amor Platônico?
Ah! Que cômico!
Ainda que seja uma maçada,
Há de ter risada.


Fernando Neves; Projetos Aleatórios.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Nada ao Acaso; Tudo Sinal

Não admiranos dádivas aqui... antes ocasionais Átonas como alguns sons... ou Temos uma desatenção ou Somos inteiramente negáveis às luzes.


Fernando Neves; Frases.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Ferido sem ter cura perecia

Ferido sem ter cura perecia
o forte e duro Télefo temido,
por aquele que n'água foi metido,
a quem ferro nenhum cortar podia.

Ao Apolíneo Oráculo pedia
conselho para ser restituído;
respondeu que tornasse a ser ferido
por quem o já ferira, e sararia.

Assi, Senhora, quer minha ventura
que, ferido de ver-vos, claramente
com vos tornar a ver Amor me cura.

Mas é tão doce vossa fermosura,
que fico como hidrópico doente,
que co beber lhe crece mor secura.


Camões.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Hipóteses...

"Arquitetar hipóteses do passado é tão incerto quanto adivinhar o futuro".


Fernando Neves; Conversas de MSN.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Palavras, apenas.

Nem uma das mil palavras
seria possível descrever
o que sinto; QUE RAIVA!
Sinto cheiro de você.

Sinto, apenas.

Sentir.
Verbo no infinitivo;
infinitivo sinestésico
do infinito significativo!

Significado, apenas.

Significar.
Verbo no infinitivo;
infinitivo conceitual
do infinito rotulável!

Rotular, apenas.

Não percebemos
que o tudo junto
na verdade é separado
porque nós queremos!

Querer, apenas.

Ah! Essa ânsia;
desejo extremo!
Coisa do Homem
em conceituar!


Fernando Neves; Rascunho do Dia.